Hoje mando uma edição sem assunto interessante, mas com um pedacinho dos bastidores de como tem sido essa loucura de escrever para mais de 1700 pessoas. Para quem não sabe, eu comecei ano passado, do zero, e toda edição recebe e-mails de resposta, comentários e todo tipo de interação pelas redes sociais. É para isso mesmo que eu escrevo. Para conversar, conhecer, descobrir coisas novas. Mas também para afirmar meu trabalho como escritora. Antes da newsletter, eu não sabia para quantas pessoas eu escrevia. Era um trabalho solitário demais. Crescer em redes sociais parecia muito vazio, principalmente porque a distribuição dos textos dependia do famoso “algoritmo”. Escrever em blog dependia de compartilhar os textos nas redes sociais e a coisa virava uma faca de dois gumes. Eu tinha a sensação que estava sempre dialogando com a mesma bolha e não sabia como expandir só com o texto puro em minhas mãos. Mas agora eu sei. Chegar em vocês pelo e-mail me dá a chance de criar uma conexão muito mais significativa com quem lê. E é disso que eu gosto.
Todo texto que mando por aqui é a solidificação de um desejo imenso de conversar. Às vezes também é minha pura vontade de explorar algo que me intriga. Se falo de inveja, é porque senti inveja de alguém e isso me abalou. Se falo sobre redes sociais, é porque elas me afetam mais do que eu gostaria de admitir. Se falo de amor, é porque estou amando. Se falo de literatura, é porque ela me faz pensar. Se não falo nada, é porque não tenho nada a dizer no momento.
A última declaração é complicada para quem se comprometeu a escrever toda quinta-feira religiosamente, mas falhou na última. Gostaria de estar me sentindo culpada, mas olhei para o sentimento de culpa e não senti nada. Absolutamente nada. E pensei: já falhei algumas vezes no ambiente de trabalho, na minha carreira fora da escrita, e mesmo assim deu tudo certo, e mesmo assim o salário pingou no final do mês. Por que eu sentiria culpa de não cumprir um acordo que impus a mim mesma? O que eu perderia se pulasse uma semana?
Aparentemente, nada. Talvez eu abalasse a confiança de algum leitor, mas não acho que eu ando com essa bola toda não. Tenho certeza que quase ninguém notou.
Recesso antes do recesso
Tenho muitas coisas para falar. Especialmente depois de ter passado os últimos dias offline. Mas preciso de um recesso antes do recesso. Estou trabalhando em 3 ensaios acadêmicos com base em textos de 3 línguas diferentes (sueco, espanhol e inglês). Além disso, estou trabalhando na primeira recompensa dos apoiadores aqui. Estou exausta, mas não quero admitir. Fazer coisas que amo é uma delícia, mas é trabalho sim. Tem outras coisas rolando na vida também, aquela coisa de fim de ano e tal.
Por isso, vou pular semana que vem. Assim, vou fazer o contrário: tirar um recesso antes do recesso. (A verdade é que tenho provas tensas por esses dias e preciso muito focar. Se eu falhar, não ganho bolsa de estudante e essa newsletter vai acabar. Sim, é verdade. Não é drama.)
Desejo de silêncio
Todo texto que posto aqui me causa um ruído. Fico pensando nas coisas que escrevi por dias, pois os assuntos ficam martelando na cachola. Esses dias de “então é natal e o que você fez” tem me exigido um pouco de silêncio. Não foi à toa que fiquei offline de quinta a segunda, nesses últimos dias. Vou reavaliando o ano que passou e digerindo as coisas que estão ficando.
Uma das coisas boas que o ano me trouxe foi uma agente literária. A Gabi, leitora amada aqui da newsletter, da agência Magh. Aconteceu ontem, então estou ainda curtindo aquele prazer pós-conquista. Ter uma agente literária era algo que eu queria há um bom tempo e fechar o ano com esse desejo realizado é uma pequena grande vitória pessoal.
Os últimos textos que vem por aí devem ser cartas. Sim, cartas! Cartas públicas que andam rolando por aí no mundo das newsletters. Estou empolgada.
É isso.
Sigo firme. Espero que a gente fique junto por aqui por muito tempo.
Satélite de recomendações
Romance e ficção científica
Thiago Ambrósio Lage propõe em sua primeira coletânea solo, Romantífica, explorar a interface entre romance e ficção científica. Relacionamentos ainda serão feitos de gente quando for impossível distinguir uma inteligência artificial de um humano ou quando seu par perfeito puder ser construído via cibernética ou engenharia genética? Daí surgiram os contos de Romantífica: alguns como reflexão, outros como brincadeira ou como ansiedade.
Thiago já publicou contos diversos em revistas e coletâneas, além de ser co-host do podcast literário Incêndio na Escrivaninha e colaborador na editora Plutão Livros. Romantífica será lançado no selo Teju Jagua da Editora Urutau e pode ser adquirido na pré-venda aqui:
Outros segredos em órbita
Por hoje é só.
Beijos, abraços e toda forma de amor.
Vanessa Guedes.
Vanessa, estou exatamente na mesma fase, com as mesmas motivações. Pensando sobre pausas, descanso e os muitos motivos para ficar off-line. Aproveita sua pausa - estarei por aqui quando você voltar!
oi, Vanessa! td bem? Não sei se você se lembra de mim... Passei a acompanhar sua newsletter e em breve quero desbravar mais o substack e começar a escrever em breve. Pretendo reinvestir na escrita em 2023. Você me ajudou a me inspirar!