10 livros de horror
Uma lista temática para quem não costuma ler esse gênero
Para não dizer que deixei outubro passar em branco, a edição de hoje é uma lista de indicações de leitura do gênero horror. Eu tenho outras obras, nacionais e internacionais, para indicar em outros textos sobre outras coisas, mas nessa lista eu realmente foquei em indicar livros que me parecem bons para quem não está acostumado a navegar pelo gênero.
1. Para lidar com a solidão
Frankenstein, Mary Shelley - 1818
Clássico. Tenho um carinho especial por esse aqui. É uma das histórias mais humanas que já li. Para mim, acima de tudo, esse livro é sobre o medo da solidão.
Além de tudo, é bem curto. O clássico dos clássicos.
2. Para lembrar das férias de verão no litoral
Serpentário, Felipe Castilho
Eu já escrevi uma edição da newsletter falando do trabalho desse autor brasileiro tão querido, então vou deixar aqui um trecho do que eu achei sobre Serpentário.
esse livro me lembrou da felicidade dos primeiros amores na praia.
[...] algumas leituras dão quentinho no coração e outras dão bruscos banhos de água gelada. A real boa literatura te faz ter os dois. Além disso, enquanto lia Serpentário, houve um dia que sonhei com cobras. Nunca tive medo delas, mas de repente criou-se na minha cabeça um receio meio afetado, uma estranheza com a forma inquietante com que elas se mexem arrastando a barriga contra o chão. O sibilar do movimento de arrasto foi possuindo uma parte do meu imaginário até então desconhecida. Até que pensar na existência de uma tal Ilha das Cobras ficou meio insuportável. Lugar-chave na composição da tua narrativa, não posso nem dizer que “alugou um triplex no meu cérebro” porque uma ilha é muito maior do que um triplex.
3. Uma história não tão conhecida de um autor muito conhecido
Celular, Stephen King - 2006
Um dos últimos grandes livros do rei, Celular é uma distopia. Eu tenho uma queda por distopia, mas tenho uma preguiça imensa da temática de apocalipse zumbi. Porém, esse livro aí serve para mostrar que a temática nunca está desgastada se você sabe fugir do “mais do mesmo”. As sequências de ação são de tirar o fôlego, e você prende a respiração em paisagens devastadas, escuras, e cheia de perigo de todo o tipo. A maior sacada desse livro, além do pânico e adrenalina que duram do início ao fim, é mostrar que muitas vezes o maior medo que a gente pode ter é dos próprios seres humanos.
4. Para sentir medo de verdade
Horror em Amityville, Jay Anson - 1977
Baseado em fatos reais, foi um best seller por um tempo. É meio vergonhoso reconhecer, mas eu confesso que às vezes eu lia algumas passagens muito rápido, de propósito, e depois voltava para ler com mais atenção. Levava susto de qualquer jeito. Você já levou susto lendo? Não? Então leia esse livro.
Eu confesso: jamais vou reler. Inclusive, não assisto adaptações dele para o cinema. Por mais que me digam que são ruins, simplesmente não tenho coragem.
Morro de medo dessa história até hoje. Aliás dizem que a história se baseia em um dos poucos casos não resolvidos do casal de caçadores de fantasmas mais famosos do mundo.
5. Para quem gosta de contos
Livros de Sangue, Clive Barker - 1985
São vários contos interligados, escritos pelo Clive Barker, um dos autores que eu mais gosto do gênero. Foi ele quem criou o famoso Hellraiser.
Então, Livros de Sangue tem de tudo um pouco. Crianças demoníacas, fantasmas, possessão, demônios e sangue. Muito sangue. É um livro bem escrito, que joga com os medos mais óbvios da humanidade - a velhice, o fracasso da paternidade, a falta de dinheiro, o insucesso, etc. Vale a pena.
6. Uma história perturbadora
A Ilha do Dr. Moreau, H. G. Wells
"É somente quando a dor alheia é dotada de voz e põe os nossos nervos à flor da pele que a piedade brota dentro de nós."
Um dos mestres da ficção científica, o Wells. O livro tem uma história consistente e vem num formato bem clássico para a época que foi escrito (muito usado pelo Lovecraft também): relato de viagem. O livro circula por temas espinhosos, infelizmente ainda bem atuais. Sem contar que é muito bem escrito, num linguagem rebuscada, porém fácil Descrições muito boas, sem serem excessivas. É um livro que me arrepia toda vez que eu volto para reler umas passagens. Me fez repensar o que seria empatia e sensibilidade.
7. Famílias antigas, maldições e fantasmas
Lasher, Anne Rice - 1993
Um clichê bem trabalhado em uma trama complexa. Lasher é um livro “não tão óbvio” da carreira da rainha dos vampiros, Anne Rice. Nessa obra ela junta muito bem as armadilhas da mente com o desejo e o pecado em uma escrita bem estilo thriller. É um livro violento e sensível, de sentimentos confusos. Tem algumas partes que eu terminei sem saber se eu gostei ou se queria simplesmente desver as imagens que minha mente formou na leitura. Vale a pena se você está afim de se aventurar em uma história cheia de tabus com uma prosa fácil e rápida.
8. Um livro pra ler em uma sentada
Demônios, Aluísio Azevedo - 1893
"E fez-se então a mais completa, a mais cerrada escuridão que é possível conceber. Era a treva absoluta; treva de morte; treva de caos; treva que só compreende quem tiver os olhos arrancados e as órbitas entupidas de terra"
Mais conhecido por escrever O Cortiço, Aluísio também transitou pelo macabro explícito em algumas obras. Demônios é o primeiro dos seus contos, e pode ser facilmente baixado (se não de graça, muito barato) na Amazon Brasil. Uma narrativa curta, intensa, de botar medo em qualquer adolescente viciado em filme de terror.
9. Um fluxo de consciência
O pacto, Joe Hill - 2012
"Deus salva, mas não aqui nem agora. Sua salvação é um consórcio. Como todo vigarista, Ele pede que você pague agora e acredite que irá receber depois. "
Esse foi o primeiro Joe Hill que eu li. Lembro que foi como se ele tivesse me roubado do mundo os livros ruins de terror que eu estava lendo na época e tivesse me apresentado novos jeitos de ler no gênero.
10. Aridez e brutalidade com poesia
Assim na terra como embaixo da terra, de Ana Paula Maia - 2017
É muito difícil produzir prosa poética e usar palavras simples. Esse livro faz isso. É um contraste macabro entre o conteúdo da história e o jeito belíssimo como ela é contada. Indico forte para quem curte aqueles clássicos básicos da literatura brasileira dos dois últimos séculos.
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Por hoje é só.
Beijos, abraços e toda forma de susto.
Vanessa Guedes.
Dessa lista só li Frankenstein, que adoro. Quando era adolescente era a maior fã de Stephen King. Encarava até os calhamaços feliz da vida, mas conforme o tempo passou nunca mais peguei nada dele. Vou pegar "Celular" para revisitar a obra dele.
Agora Vanessa, me diz uma coisa: o que eu faço agora com a pilha de livros à minha espera? Peguei vários títulos aqui que me deixaram curiosa e queria ler tudo agora haha
Amei essa coleção de dicas, tô fazendo minha tradição de ver filmes de terror e sua sacada com livros vai entrar dança. ❤️