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Avatar de Carla Soares

No Natal desse ano uma pessoa próxima e de quem gosto apareceu muito muito magra, e com uma aparência fitness. Mas era muito visível pra mim que além do corpo magro ela tbm estava muito doente - com muitas restrições, falas sobre comida muito desconfortáveis e julgadoras, e também comportamentos compensatórios - apesar de estar fora de casa ela precisou malhar por 2:30h na casa da minha sogra antes de participar da ceia de Natal. Apesar de estar enxergando a possibilidade dela estar em sofrimento e nem estar muito consciente disso, a verdade é que estar com ela disparou um monte de gatilhos em mim. Eu estava conciente de tudo que estava acontecendo mas foi inevitável pra mim me sentir maior, ter medo do que a pessoas estariam pensando do meu tamanho, e até dispensar de comer uma sobremesa. No dia seguinte fiquei muito tempo pensando sobre como a relação dela com a comida e com o corpo tinham sido capazes de me bagunçar mesmo não sendo comigo. Eu não acho que meu corpo seja, na perspectiva dela, desejável. Mas eu estou no mesmo tamanho desde sempre; eu como as coisas com vontade. Rejeito comida porque não quero, e não porque não devo. Procuro comer com prazer em toda refeição, não dispenso isso. E eu fiquei me perguntando se de alguma forma todo esse conjunto que eu represento também não poderia ser gatilho pra ela naquele momento, o que talvez tenha aumentado os comportamentos dela (especialmente os que ela dirigiu a mim). Foi a mesma coisa que me ocorreu tbm lendo seu texto. Até que ponto todos esses comentários que você ouviu tbm não são parte do conjunto de coisas que são evocadas nas outras pessoas quando estão diante de alguém que sustenta um corpo diferente e tão ou mais capaz de fazer um trajeto desafiador? A gordofobia é um medo de ocupar o lugar do gordo mas também uma punição pra alguém que desafia a lógica punitivista dessa relação com o corpo? Enfim. Tem muita coisa pra pensar aí. A propósito: essa situação do Natal acabou me fazendo lembrar de um texto meu chamado Prazeres permitidos, que acho uma conversa legal com o seu. Eu escrevo tbm pra lembrar a mim mesma dessas coisas. Tá nos arquivos da newsletter, se tiver curiosidade 😘

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Avatar de Nathália Pandeló

Amei a reflexão. Acho que sempre vai doer sentir que não atendemos as expectativas alheias, porque fomos treinados para o pertencimento. Aí a gente chega ao ponto de ser considerada "corajosa" por ousar ser, existir. Então seguiremos ousando.

Mas vem cá: como você sabe o número de caracteres, palavras de todos os posts? Tem um contador no Substack? #curiouser

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