Impressionante, Nessa, a sua capacidade de me tocar, me emocionar e me fazer querer escrever também. Spoiler: não vou. Desgostei da minha escrita. Mas sigo amando a tua. Obrigada. Beijo e um super ano novo 🤩
No Natal desse ano uma pessoa próxima e de quem gosto apareceu muito muito magra, e com uma aparência fitness. Mas era muito visível pra mim que além do corpo magro ela tbm estava muito doente - com muitas restrições, falas sobre comida muito desconfortáveis e julgadoras, e também comportamentos compensatórios - apesar de estar fora de casa ela precisou malhar por 2:30h na casa da minha sogra antes de participar da ceia de Natal. Apesar de estar enxergando a possibilidade dela estar em sofrimento e nem estar muito consciente disso, a verdade é que estar com ela disparou um monte de gatilhos em mim. Eu estava conciente de tudo que estava acontecendo mas foi inevitável pra mim me sentir maior, ter medo do que a pessoas estariam pensando do meu tamanho, e até dispensar de comer uma sobremesa. No dia seguinte fiquei muito tempo pensando sobre como a relação dela com a comida e com o corpo tinham sido capazes de me bagunçar mesmo não sendo comigo. Eu não acho que meu corpo seja, na perspectiva dela, desejável. Mas eu estou no mesmo tamanho desde sempre; eu como as coisas com vontade. Rejeito comida porque não quero, e não porque não devo. Procuro comer com prazer em toda refeição, não dispenso isso. E eu fiquei me perguntando se de alguma forma todo esse conjunto que eu represento também não poderia ser gatilho pra ela naquele momento, o que talvez tenha aumentado os comportamentos dela (especialmente os que ela dirigiu a mim). Foi a mesma coisa que me ocorreu tbm lendo seu texto. Até que ponto todos esses comentários que você ouviu tbm não são parte do conjunto de coisas que são evocadas nas outras pessoas quando estão diante de alguém que sustenta um corpo diferente e tão ou mais capaz de fazer um trajeto desafiador? A gordofobia é um medo de ocupar o lugar do gordo mas também uma punição pra alguém que desafia a lógica punitivista dessa relação com o corpo? Enfim. Tem muita coisa pra pensar aí. A propósito: essa situação do Natal acabou me fazendo lembrar de um texto meu chamado Prazeres permitidos, que acho uma conversa legal com o seu. Eu escrevo tbm pra lembrar a mim mesma dessas coisas. Tá nos arquivos da newsletter, se tiver curiosidade 😘
Amei a reflexão. Acho que sempre vai doer sentir que não atendemos as expectativas alheias, porque fomos treinados para o pertencimento. Aí a gente chega ao ponto de ser considerada "corajosa" por ousar ser, existir. Então seguiremos ousando.
Mas vem cá: como você sabe o número de caracteres, palavras de todos os posts? Tem um contador no Substack? #curiouser
Texto maravilhoso para fechar o ano. Obrigada pela jornada e por trazer perspectivas diferentes, especialmente a deste texto. Resoluções de ano novo são sempre difíceis e doloridas, trazer essa sombra que paira do corpo ideal para a luz e ouvir o que você de fato deseja é algo que eu nunca me toquei que POSSO fazer, que não preciso de permissão para bater o pé e negar. Tenho a pensar sobre. Um abraço apertado e boa virada para você! <3
Maravilhoso ler isso no exato momento que me encontro completamente neurada com meu corpo e meu peso. Saí de 49 kg para 67 kg em menos de 1 ano e isso tem me consumido. Olho as fotos do início do ano e mal me reconheço. Aprendi a amar meu corpo magro mesmo não estando no padrão do corpo brasileiro e não consigo me permitir amar meu corpo com gordo. Isso tem me machucado. E me limita a fazer exercícios. De alguma forma esse processo tem sido conturbado, dolorido. Me cobro constantemente para voltar aos 49 kgs o mais rápido possível, mas sei que o processo não é rápido. E lá vai eu com mais uma bagagem para 2023... Porém, teu texto e a nova linha editorial da tua newsletter vai ser um incentivo. Obrigada por isso! De verdade.
Em 2022, ganhei uma percepção nova do meu corpo. Engordei e passei a gostar mais. E não é que eu fosse magra antes, nunca fui. Mas sinto o mesmo, a necessidade de parecer magra é de fora.
Vou aproveitar pra citar seu texto na minha newsletter de domingo que vai ser uma reflexão sobre o meu pensamento sobre o corpo ao longo do ano.
Obrigada por dividir a tosqueira! Adoro; minha parte preferida de tudo. E valeu demais por esta edição; me ajuda a pensar neste tema do corpo. Esperando pra ler essa sua nova editoria em 2023! Beijo enorme pra você
Aiiiii Vanessa, me conectei tanto com as suas reflexões. Eu acho que a nossa vontade de pertencer, de ser reconhecida e de ser amada ainda é a grande causa dessa solidão que bate, dessa incompreensão de que o nosso corpo não define quem sou. É uma parte minha, mas não meu todo. Sou amiga de pessoas da galera fitness, de quem faz uma série de tratamentos estéticos (até loucuras!) e de quem toma remédios e faz maluquices para emagrecer... às vezes, me sinto um peixe fora d'água por não fazer o mesmo. No fim das contas, que pode levar alguns dias de vitimismo e baixa autoestima, prefiro lutar para me amar como sou. Se quero emagrecer, por saúde ou para me sentir bem, que seja com qualidade, com consciência, fazendo exercício que me traga prazer e comida com sabor e nutrição. Toma tempo, não pode virar obsessão, mas é o meu caminho. Acho que, no final das contas, estamos sempre nos desafiando a deixar a manada ou a noia com performance, como escreveu a Carol Sanders. Que 2023 seja da forma seja da forma que quiser. Que não falte coragem, alegria e amor - principalmente por vc mesma.
Sonho acordada com o mundo em que o corpo, e a vida das pessoas tinham respeito somente a elas. Adorei a sentença "não vou emagrecer", que evoca sentidos diversos em vários setores da nossa vida. Que possamos engordar aquilo que queremos e que desejamos, e emagrecer aquilo que rejeitamos.
Te entendo completamente porque me sinto exatamente assim. Uma vez comentei com um amigo que eu me olho no espelho e me acho bonita, mas quando eu saio de casa me acho feia, porque eu sei que não é o que as pessoas querem ver. Óbvio que ele não entendeu, advinha porque?
Nesse ano novo também vieram pro meu lado com esse papo de que ser gorda é não ter saúde. Só subiu a raiva mesmo porque além de fazer exercícios diariamente, recentemente fiz um check-up e a única recomendação foi "continue sem fumar".
Enfim, é uma luta ingrata essa entre nosso corpo e o corpo "ideal".
É isso, feliz ano novo e obrigada pelos textos ótimos, sempre!
Que texto poderoso!!!!! Uau, fiquei mexida! Eu só percebi ano passado (com 31 anos de idade) o quanto tenho complexo com meu corpo. Cara, demorou minha vida inteira pra eu perceber isso, e foi só na terapia que as palavras finalmente saíram da minha boca. Não é muito doido?!
Vanessa, eu não consigo nem expressar o quanto esse texto é incrível. Palmas e parabéns. Estou curiosa para os textos sobre corpo. Tenho muitas histórias sobre isso e só me dei conta do quanto o corpo também sou eu pouco antes da pandemia. Beijos e feliz 2023. Saúde, amor, alegria, esperança <3
O primeiro parágrafo bateu muito em mim. Eu sempre quis ser mais e mais magra, sendo que eu sempre fui e, na verdade, essa busca irracional só me gerou dores emocionais e compulsão. Anos depois ainda estou tentando lidar com as feridas. A gente vive num mundo horrível.
Impressionante, Nessa, a sua capacidade de me tocar, me emocionar e me fazer querer escrever também. Spoiler: não vou. Desgostei da minha escrita. Mas sigo amando a tua. Obrigada. Beijo e um super ano novo 🤩
No Natal desse ano uma pessoa próxima e de quem gosto apareceu muito muito magra, e com uma aparência fitness. Mas era muito visível pra mim que além do corpo magro ela tbm estava muito doente - com muitas restrições, falas sobre comida muito desconfortáveis e julgadoras, e também comportamentos compensatórios - apesar de estar fora de casa ela precisou malhar por 2:30h na casa da minha sogra antes de participar da ceia de Natal. Apesar de estar enxergando a possibilidade dela estar em sofrimento e nem estar muito consciente disso, a verdade é que estar com ela disparou um monte de gatilhos em mim. Eu estava conciente de tudo que estava acontecendo mas foi inevitável pra mim me sentir maior, ter medo do que a pessoas estariam pensando do meu tamanho, e até dispensar de comer uma sobremesa. No dia seguinte fiquei muito tempo pensando sobre como a relação dela com a comida e com o corpo tinham sido capazes de me bagunçar mesmo não sendo comigo. Eu não acho que meu corpo seja, na perspectiva dela, desejável. Mas eu estou no mesmo tamanho desde sempre; eu como as coisas com vontade. Rejeito comida porque não quero, e não porque não devo. Procuro comer com prazer em toda refeição, não dispenso isso. E eu fiquei me perguntando se de alguma forma todo esse conjunto que eu represento também não poderia ser gatilho pra ela naquele momento, o que talvez tenha aumentado os comportamentos dela (especialmente os que ela dirigiu a mim). Foi a mesma coisa que me ocorreu tbm lendo seu texto. Até que ponto todos esses comentários que você ouviu tbm não são parte do conjunto de coisas que são evocadas nas outras pessoas quando estão diante de alguém que sustenta um corpo diferente e tão ou mais capaz de fazer um trajeto desafiador? A gordofobia é um medo de ocupar o lugar do gordo mas também uma punição pra alguém que desafia a lógica punitivista dessa relação com o corpo? Enfim. Tem muita coisa pra pensar aí. A propósito: essa situação do Natal acabou me fazendo lembrar de um texto meu chamado Prazeres permitidos, que acho uma conversa legal com o seu. Eu escrevo tbm pra lembrar a mim mesma dessas coisas. Tá nos arquivos da newsletter, se tiver curiosidade 😘
Amei a reflexão. Acho que sempre vai doer sentir que não atendemos as expectativas alheias, porque fomos treinados para o pertencimento. Aí a gente chega ao ponto de ser considerada "corajosa" por ousar ser, existir. Então seguiremos ousando.
Mas vem cá: como você sabe o número de caracteres, palavras de todos os posts? Tem um contador no Substack? #curiouser
Texto maravilhoso para fechar o ano. Obrigada pela jornada e por trazer perspectivas diferentes, especialmente a deste texto. Resoluções de ano novo são sempre difíceis e doloridas, trazer essa sombra que paira do corpo ideal para a luz e ouvir o que você de fato deseja é algo que eu nunca me toquei que POSSO fazer, que não preciso de permissão para bater o pé e negar. Tenho a pensar sobre. Um abraço apertado e boa virada para você! <3
Maravilhoso ler isso no exato momento que me encontro completamente neurada com meu corpo e meu peso. Saí de 49 kg para 67 kg em menos de 1 ano e isso tem me consumido. Olho as fotos do início do ano e mal me reconheço. Aprendi a amar meu corpo magro mesmo não estando no padrão do corpo brasileiro e não consigo me permitir amar meu corpo com gordo. Isso tem me machucado. E me limita a fazer exercícios. De alguma forma esse processo tem sido conturbado, dolorido. Me cobro constantemente para voltar aos 49 kgs o mais rápido possível, mas sei que o processo não é rápido. E lá vai eu com mais uma bagagem para 2023... Porém, teu texto e a nova linha editorial da tua newsletter vai ser um incentivo. Obrigada por isso! De verdade.
Em 2022, ganhei uma percepção nova do meu corpo. Engordei e passei a gostar mais. E não é que eu fosse magra antes, nunca fui. Mas sinto o mesmo, a necessidade de parecer magra é de fora.
Vou aproveitar pra citar seu texto na minha newsletter de domingo que vai ser uma reflexão sobre o meu pensamento sobre o corpo ao longo do ano.
Obrigada por esse texto e feliz 2023!
😊
Nossa, que texto, que força. Maravilhoso. Não vejo a hora de ler os próximos textos. Feliz ano novo, querida!
Obrigada por dividir a tosqueira! Adoro; minha parte preferida de tudo. E valeu demais por esta edição; me ajuda a pensar neste tema do corpo. Esperando pra ler essa sua nova editoria em 2023! Beijo enorme pra você
Aiiiii Vanessa, me conectei tanto com as suas reflexões. Eu acho que a nossa vontade de pertencer, de ser reconhecida e de ser amada ainda é a grande causa dessa solidão que bate, dessa incompreensão de que o nosso corpo não define quem sou. É uma parte minha, mas não meu todo. Sou amiga de pessoas da galera fitness, de quem faz uma série de tratamentos estéticos (até loucuras!) e de quem toma remédios e faz maluquices para emagrecer... às vezes, me sinto um peixe fora d'água por não fazer o mesmo. No fim das contas, que pode levar alguns dias de vitimismo e baixa autoestima, prefiro lutar para me amar como sou. Se quero emagrecer, por saúde ou para me sentir bem, que seja com qualidade, com consciência, fazendo exercício que me traga prazer e comida com sabor e nutrição. Toma tempo, não pode virar obsessão, mas é o meu caminho. Acho que, no final das contas, estamos sempre nos desafiando a deixar a manada ou a noia com performance, como escreveu a Carol Sanders. Que 2023 seja da forma seja da forma que quiser. Que não falte coragem, alegria e amor - principalmente por vc mesma.
Sonho acordada com o mundo em que o corpo, e a vida das pessoas tinham respeito somente a elas. Adorei a sentença "não vou emagrecer", que evoca sentidos diversos em vários setores da nossa vida. Que possamos engordar aquilo que queremos e que desejamos, e emagrecer aquilo que rejeitamos.
Obrigado por sua escrita.
Um ano muito bom para você
beijo, menina
Feliz Ano Novo! E sorte a nossa de ler teus textos ❤️ Sou muito grata por poder apoiar teu trabalho
Adorei a editoria 2023!
Oi Vanessa.
Como sempre, belo texto.
Te entendo completamente porque me sinto exatamente assim. Uma vez comentei com um amigo que eu me olho no espelho e me acho bonita, mas quando eu saio de casa me acho feia, porque eu sei que não é o que as pessoas querem ver. Óbvio que ele não entendeu, advinha porque?
Nesse ano novo também vieram pro meu lado com esse papo de que ser gorda é não ter saúde. Só subiu a raiva mesmo porque além de fazer exercícios diariamente, recentemente fiz um check-up e a única recomendação foi "continue sem fumar".
Enfim, é uma luta ingrata essa entre nosso corpo e o corpo "ideal".
É isso, feliz ano novo e obrigada pelos textos ótimos, sempre!
Que texto poderoso!!!!! Uau, fiquei mexida! Eu só percebi ano passado (com 31 anos de idade) o quanto tenho complexo com meu corpo. Cara, demorou minha vida inteira pra eu perceber isso, e foi só na terapia que as palavras finalmente saíram da minha boca. Não é muito doido?!
Vanessa, eu não consigo nem expressar o quanto esse texto é incrível. Palmas e parabéns. Estou curiosa para os textos sobre corpo. Tenho muitas histórias sobre isso e só me dei conta do quanto o corpo também sou eu pouco antes da pandemia. Beijos e feliz 2023. Saúde, amor, alegria, esperança <3
O primeiro parágrafo bateu muito em mim. Eu sempre quis ser mais e mais magra, sendo que eu sempre fui e, na verdade, essa busca irracional só me gerou dores emocionais e compulsão. Anos depois ainda estou tentando lidar com as feridas. A gente vive num mundo horrível.
Fazer o Caminho de Santiago era o sonho do meu avô, que já morreu, espero demais um dia poder fazer por ele ♥️