9 Comentários

Falando aqui com uma pessoa sendo gerada: é bem louco saber que tem um coração que não é o seu batendo dentro da barriga, que aquele desconforto não é pum preso, é um chutinho, são mil emoções novas todos os dias. Mas bate uns pensamentos de que a minha vida como era antes desse serzinho não existirá mais assim que ele der o primeiro berro, tudo o que eu era pode não ser mais. Então eu entendo demais quem tem esse "não-desejo" que eu tive também durante muito tempo, de verdade. É abrir mão de muita coisa - até do seu espaço pessoal - para outra pessoa, uma que vai ser dependente durante muito tempo, que demanda um investimento emocional gigantesco. Pode ser que o desejo surja ou não, mas esse negócio de que vai ficar sozinha é balela - nunca estamos sozinhos, vivemos em bando justamente por isso... Os opinadores de útero são os mais prepotentes em achar que sabem mais do seu corpo do que você. Não sabem é de nada.

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Já estou careca de sair do médico irritada com uma pressão fortíssima para engravidar - como se eu mesma, no auge dos meus 30 e qualquer coisa, não tivesse a menor noção da realidade. Acho um absurdo essa de quererem dar pitacos no útero alheio.

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Sou mãe há nove anos e meio. Nasci em uma geração em que havia menos o questionamento formal sobre ter ou não filhos - menos ainda as ideias tão bem estruturadas a respeito de por que não ter, como vejo hoje nas mulheres mais novas. E simplesmente não consigo entender como uma mulher (especialmente a que já tem filhos e sabe bem tudo que envolve) pressiona outra mulher em uma escolha destas.

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eu também fico um pouco decepcionada com a pressão, mas sinto que existe um desejo de conexão meio louco nisso "se vc tiver, vc vai saber o que eu sinto" sei lá. provavelmente tô falando besteira, mas sinto isso de algumas pessoas. mas tô feliz que com a internet, muita mãe conseguiu ser ouvida. ainda tem muito chão pra correr, mas definitivamente fizemos progressos.

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eu sou aquela pessoa que lê muito, vai atrás de muita coisa, e se mantém sempre quietinha. sai o like, mas raramente sai um comentário. mas preciso dizer, Vanessa, que tua news parece que foi feita pra mim, cada edição contempla um pensamento, uma dor que eu tenho mas não externo. muito muito obrigada por isso!

eu digo que não quero ter filhos desde que eu tinha uns 12 anos. já sabia, ponto. hoje, quase 20 anos depois, ainda ouço o famoso "vai mudar de ideia". mas pra mim o maior delírio desse assunto ainda é o "que egoísmo". não entra na minha cabeça como que eu cuidar da minha própria vida é egoísmo. se eu não fizer isso, quem vai? vim pro mundo pra sofrer pelos outros, contra minha vontade? eu hein.

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Carol, obrigada por esse comentário. só de saber que compartilhamos das mesmas emoções, eu já fico contente de botar essas palavras no mundo ❤️ fique bem!

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Amei muito, Nessa. Incrivelmente somos muito parecidas (ah vá). Eu adoro crianças, sonho em ser mãe... Mas a questão do útero para mim sempre foi um grande: não quero. Continuo com medo de ser mãe na adolescência e já me peguei várias vezes pensando que o sexo para mim é uma delícia e uma tortura também (nesse ponto de vista). Obrigada pelo texto <3

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que lindo esse texto.

eu me sinto assim também, não sinto repulsa pela maternidade, mas também não sinto um desejo arrebatador de ser mãe. acho que muito talvez motivado pela minha condição financeira: se eu tivesse um filho agora seria para atravessar algumas privações que só o dinheiro pode remediar.

também gosto do tema, tanto que fiz um curso de doula no HU/UFGD durante a graduação. me formei, nunca cheguei a atuar, mas é uma temática que muito me interessa.

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Sempre quis ser mãe, mas depois que descobri tudo que envolve o pacote adio ano a ano. Infelizmente, há limites biológicos. Agora começa a bater o desejo - com muito medo envolvido sobre minha vida deixar de ser só minha - e os planos ganham estrutura. Lembro muito de uma frase do livro Comer, rezar, amar sobre isso... Liz pergunta a uma amiga se deveria ter filhos e amiga, com um bebe, responde: ser mãe é como fazer uma tatuagem no rosto, é uma escolha muito importante. Depois dos 30 e do meu casamento, sofri pressão das mais diversas pessoas, exceto meus pais <3, e a todas dei um belo fora até que pararam de me importunar. Que bom que nasci na geração que pode responder. Que nossos corpos sejam mais e mais respeitados e a gente consiga encontrar quais são nossos verdadeiros sonhos. :)

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