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Avatar de Anna Carolina Ribeiro

Oi Vanessa! Já tem alguns anos que venho num projeto pessoal de me livrar da culpa (essa culpa da filosofia cristã) e é libertador. Sei que cada pessoa tem suas questões mas sempre que vejo alguém sofrendo por culpa tenho vontade de sacudir e falar "isso é lavagem cerebral cristã!! transforme essa culpa em outra coisa que tenha serventia!" porque a culpa como a maioria de nós conhece nada mais é do que auto-punição, que não serve pra absolutamente nada. Como não dá pra mudar o passado, acho que a chave é o que você disse: encontrar saídas pra navegar os nossos privilégios ou aquilo que nos é dado sem (as vezes) merecimento. Consciência não precisa vir acompanhada de culpa. Enfim, na linha dos filmes que não tem culpa, eu recomendo Druk e A pior pessoa do mundo, dois filmes indicados ao oscar de melhor filme estrangeiro (em 2021 e 2022, respectivamente). São produzidos em países sem tanta influência cristã e é NOTÁVEL como os desfechos são livres de culpa (ou pelo menos dessa auto-punição do cristianismo). Bom fim de semana!

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Avatar de Chu'bS

oi Vanessa, belo texto!

eu me senti muito mobilizado pelo seu incômodo com as narrativas comuns nesse contexto da segunda guerra. de alguma forma o seu incômodo me incomodou: como pode um filme ter que ser uma leitura precisa de um evento histórico tão complexo? e aí, pelo que vc descreve de O Último Metrô (e eu não tendo visto o filme), fiquei pensando o quanto a narrativa é sobre outra coisa sendo o nazismo um pano de fundo.

no fim das contas... pensando nesses filmes clichês de segunda guerra, também sinto que são sobre outra coisa, mas com a historicidade como contexto. e aí talvez não faça sentido mesmo retratar uma coisa tão complexa quando o interesse é falar de heroísmo, vingança, tragédia familiar.

ao mesmo tempo me parece "uma aventura" pretender falar de nazismo numa obra tão limitada, um arroubo artístico. e talvez toda obra fictícia que se proponha esse contexto histórico falhe em retratar o contexto com exatidão por estar acompanhando um grupo limitado de pessoas a partir de seu ponto de vista.

é um romance, não um documentário afinal...

(acho que Tropa de Elite poderia ser um bom exemplo disso que digo. é um filme de vingança que tem uma polícia de extermínio pretensamente honesta como contexto, portanto incapaz de lidar profundamente com as hipocrisias que sustentam essa narrativa)

não que alguém deva gostar, ainda assim. eu vejo a razão de seu incômodo e faz todo sentido pra mim que te incomode, embora eu não compartilhe o sentimento :/

por último, me peguei pensando na franquia Jurassic Park (bem aleatório). acompanhando os filmes, há a história de um ricaço excêntrico, um laboratório de genética e acadêmicos de paleontologia. quando o parque dá errado, existe a necessidade de contratar mercenários que garantiriam que parte desse investimento não se perca (o que também dá errado pois não há preparo para lidar com o problema). o tempo passa, a situação é controlada com mais investimento e o parque reabre, agora com um interesse de pesquisa genética e um possível uso militar dessa tecnologia, que gera outras questões morais acerca dessa aventura excêntrica. e tudo isso é contado pelos olhos de personagens majoritariamente rasos e descartáveis. gosto do universo em que a história acontece, mais do que dos dramas pessoais que os filmes mostram e me questiono se o seu incômodo com filmes de segunda guerra parte de um lugar similar...

por fim, também acho que em geral, a humanidade não se pôs a refletir sobre o que aconteceu no nazifascismo. houve o regime, um conflito com outras potências e uma vez que esse regime maligno foi derrotado, não há o que pensar sobre o inimigo. eles só eram maus e foram derrotados pelo bem.

obrigado pela newsletter, é um prazer ler suas reflexões <3

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