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Avatar de Bruna Fonseca

Nossa, eu me identifico tanto com esse texto. Desde 2019 eu venho fazendo essas reflexões, sobre trabalho, vocação, ganhar dinheiro fazendo o que se ama. Eu me formei em Direito e a minha escolha pelo curso foi bem prática: passar em um concurso para ter um bom salário e estabilidade. E logo no início da faculdade eu consegui isso, mas num cargo de nível médio. Eu queria passar em outros concursos melhores, por anos tentei magistratura, até que cansei da vida de estudos para concursos e parei (na verdade fui forçada a parar, por um burnaut). Mas o tanto que sofri com isso, me cobrando por ter parado de perseguir algo maior, por estar apenas num cargo de nível médio (ainda que seja um ótimo cargo, bom salário, 6 horas, estabilidade, tudo que buscava quando entrei na faculdade de Direito). Foi só recentemente que consegui parar de me sentir um fracasso, entender que eu estava tentando passar em outros concursos muito mais pra performar para os outros (o que para mim ainda tem uma questão de classe muito forte, já que venho de uma família pobre e fui a primeira a ascender pelo estudo). Hoje, minha relação com trabalho tem mudado a cada dia mais. Parei de romantizar, parei de achar que sucesso é só atingir o maior cargo dentro de sua área de formação. Passei a ver meu trabalho de forma bem pragmática: é algo que faço para garantir minha subsistência, para prover minha liberdade e independência financeiras. Com isso liberei tempo e energia para me dedicar a coisas que amo, mas sem a pressão de monetizar tudo.

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Avatar de Marina Senese

Essa edição contém tantos raciocínios interessantes que até fica difícil fazer um comentário à altura. No entanto, gostaria de expressar meu agradecimento, pois venho de um contexto onde é comum trabalhar em empregos menos valorizados. Eu já trabalhei como atendente de telemaketing, loja de shopping e, se necessário fosse, trabalharia novamente sem hesitação - e isso é vindo de alguém com diploma de graduação em Direito e cursando mestrado na USP. O ponto é que para quem começa na base, não se enxerga isso como o fim do mundo, mas sim como um ponto de partida digno que possibilitou muitas coisas, e voltar para ele pode fazer parte do percurso. A vida é muito complexa, mas o orgulho de classe pode atrapalhar muito.

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