Que interessante essa reflexão, Vanessa! Realmente, muitas vezes passamos a odiar um espaço/lugar nos convencendo que é pelas características dele quando na verdade é pela forma como nos enxergamos dentro dele.
PS. Aqui no DF é comum as pessoas segurarem as coisas para as outras nos ônibus tbm e na minha cabeça isso acontecia em qualquer lugar do Brasil. Descobrindo agora que não é bem assim hahaha
haha que legal saber isso do DF. eu também só andei de ônibus por lá em duas ocasiões, para tu ver como a gente tem opiniões enviesadas quando vamos a um lugar só de passagem.
ah não ana! eu morei aí 5 anos e foi cada olhar bizarro que eu tomei quando ofereci segurar as coisas dos outros rs
mas pelos comentários, to notando que o fenômeno parece ser comum em linhas universitárias (não é o meu caso pq isso acontecia nas linhas de bairro tb). to gstando do pessoal comentando disso hehe
Passei pelo mesmo processo com São Paulo. Era só voltar que eu fazia a regressão imediata pra quem eu era anos atrás. Até que também fiz as pazes. Lindo texto ❤️
Tu deve ser bem mais jovem do que eu, então acho que uma questão que me apareceu agora é um tipo de entendimento do que eu "era" e fazia quando jovem - principalmente em relação a cidade em que eu vivia. Sou gaúcho, mas fui criado em São Paulo. Minha relação com a maior metrópole do país é diferente em relação ao que sinto por Porto Alegre, por exemplo, onde passei os últimos 10 anos.
Não sei se é auto complacência, ou simples fato de que a gente não tem manual para agir "certo" quando se é jovem, mas eu costumo me perdoar pelo que "fiz de ruim" antes e tento, claro, fazer melhor.
Jovem tem pouco entendimento real das coisas, pelo menos é como eu me lembro.
E ai, de um modo diametralmente oposto, quando se vai envelhecendo e descobrindo que a gente não "sabe nada da vida", isso dá uma segurança enorme porque o medo de errar diminui muito, ou talvez a gente simplesmente tenha mais segurança em si mesmo e entenda que errar é parte do negócio, então caminha mais devagar e convive melhor com os erros para valorizar os acertos.
Esse seu texto me fez pensar muito, Vanessa. Ao contrário de você, eu nunca sai da minha cidade, moro no mesmo bairro desde sempre, sou resistente ao movimento da vida, mas às vezes fico sufocada com essa única versão de mim. Ocupando esse meu espaço que me formou, mas no qual me prendi como prego enferrujado que não sai. Sou de Fortaleza-CE, sair daqui nunca foi um objetivo de vida ou profissional. Eu gosto muito do meu pedacinho do mundo, mas de vez em quando fico angustiada de "ser só aqui".
Também me sinto voltando a ser uma eu do passado quando volto às cidades em que morei. É como reinserir um personagem no cenário de uma época. Queremos repetir as mesmas falas. Quando visito minha mãe, automaticamente quero parar de cuidar da casa e apenas ser cuidada... Faço um esforço gigantesco pra não deixar a louça toda acumulada só pra ela lavar.
Mas o que mais me marcou do seu texto foi o trecho sobre bebês. Eu também não entendia o fascínio que bebês geravam nas pessoas. Esses pequenos seres que, sim, são fofos, mas não falam, não conversam, não escutam. Como interagir? São pessoas, não dá pra tratar como um brinquedo ou um boneco. Convivendo com alguns (ainda pouco) nos últimos anos, venho entendendo mais sobre essa coleção de potenciais que eles apresentam. Na esperança que se cria e no prazer de interagir com um pequeno ser sem preconceitos, mas já cheios de personalidade.
Que profundo esse relato! Gostei muito de saber o quanto a sua relação com a sua cidade natal passou por transformações. Eu tenho um ritual secreto de quando sinto que estou me distanciando da minha identidade, passo uma temporada na minha cidade no interior de Minas para resgatar a minha história. É libertador ;)
Ps - nunca vi pessoas tão solícitas e gentis no transporte público como vi em Porto Alegre. Lembro que isso me chamou muito a atenção nas primeiras vezes que visitei a cidade.
Gostei, Vanessa! Já estou assistindo uma palestra da Amanda Palmer e pensei num roteiro para uma história em que um jovem adulto vai percorrer, no Brasil, as interessantes viagens que sua tia fez pela Amazônia, ao descobrir os bilhetes que ela lhe destinou, mas não entregou... kkkk Enfim, nunca saberemos, completamente, o que o cada leitor nosso aproveita(rá) do que escrevemos.
Ah, gostei de saber que você está se reconciliando com "a sua adolescente" e a sua "POA de antigamente"!! :) Preciso fazer o mesmo com o meu estado natal, Paraná e duas de suas cidades Apucarana e Terra Roxa. Sou rondoniense por adoção!
Como bom pessimista que sou, insiro aqui minha memória discordante sobre as pessoas que se oferecem para carregar mochilas e bolsas nos ônibus. Na minha experiência de quase 10 anos em faculdades, isso ocorria somente em ônibus quase que exclusivamente de universitários, nos horários de ida e vinda da faculdade. No Campus-Ipiranga, e especialmente no Universitária D-43 isso era comum. Fora desse circuito, jamais testemunhei essa gentileza.
Não sei se esse hábito (praticamente uma cultura que passava para novos alunos) permanece, só sei que a prefeitura acabou com o saudoso D-43.
eu também usava o D43 para ir para UFRGS... não sabia que não tinha mais!
mas além dele, nas linhas que eu pegava com frequência ao longo da vida como Vila Nova, Restinga, Belém Velho, Otto Cavalhada, Ipê, Cefer etc o pessoal sempre foi de segurar as mochilas. por isso eu sempre achei que era algo normalizado na cidade toda :P
a distância influencia completamente a maneira como enxergamos as coisas: perto demais, vemos os defeitos; longe demais, não vemos nada. difícil é achar a melhor distância.
Que texto ótimo! Do ponto de vista de uma pessoa que está há alguns dias na cidade natal, andando pelas ruas secundárias para não encontrar nenhum conhecido, me identifiquei com essa reflexão sobre se ser aquela pessoa de antigamente, não quem sou hoje. Acho que, como você descobriu, é tudo uma questão do papel que se quer assumir. Gostei muito!
Que interessante essa reflexão, Vanessa! Realmente, muitas vezes passamos a odiar um espaço/lugar nos convencendo que é pelas características dele quando na verdade é pela forma como nos enxergamos dentro dele.
PS. Aqui no DF é comum as pessoas segurarem as coisas para as outras nos ônibus tbm e na minha cabeça isso acontecia em qualquer lugar do Brasil. Descobrindo agora que não é bem assim hahaha
haha que legal saber isso do DF. eu também só andei de ônibus por lá em duas ocasiões, para tu ver como a gente tem opiniões enviesadas quando vamos a um lugar só de passagem.
abs!
No RJ tb seguravam minha mochila no bus, mas não era sempre. Era de vez em quando.
Lindo texto! Adorei.
Deve ser por isso que gosto tanto de mudar de geografia. Queria ser tia tb, mas não sei se terei essa sorte.
(e venho dizer que em São Paulo, túmulo do samba e cidade sem amor, sempre alguém se oferece pra segurar mochila no busão, rsrs.)
ah não ana! eu morei aí 5 anos e foi cada olhar bizarro que eu tomei quando ofereci segurar as coisas dos outros rs
mas pelos comentários, to notando que o fenômeno parece ser comum em linhas universitárias (não é o meu caso pq isso acontecia nas linhas de bairro tb). to gstando do pessoal comentando disso hehe
Passei pelo mesmo processo com São Paulo. Era só voltar que eu fazia a regressão imediata pra quem eu era anos atrás. Até que também fiz as pazes. Lindo texto ❤️
muito bom ser jovem, mas muito bom não ser mais tão jovem né rs
Tu deve ser bem mais jovem do que eu, então acho que uma questão que me apareceu agora é um tipo de entendimento do que eu "era" e fazia quando jovem - principalmente em relação a cidade em que eu vivia. Sou gaúcho, mas fui criado em São Paulo. Minha relação com a maior metrópole do país é diferente em relação ao que sinto por Porto Alegre, por exemplo, onde passei os últimos 10 anos.
Não sei se é auto complacência, ou simples fato de que a gente não tem manual para agir "certo" quando se é jovem, mas eu costumo me perdoar pelo que "fiz de ruim" antes e tento, claro, fazer melhor.
Jovem tem pouco entendimento real das coisas, pelo menos é como eu me lembro.
E ai, de um modo diametralmente oposto, quando se vai envelhecendo e descobrindo que a gente não "sabe nada da vida", isso dá uma segurança enorme porque o medo de errar diminui muito, ou talvez a gente simplesmente tenha mais segurança em si mesmo e entenda que errar é parte do negócio, então caminha mais devagar e convive melhor com os erros para valorizar os acertos.
Falei demais, vou voltar para o meu paninho...
vc tem toda razão. jovem tá construindo repertório hehe
e sim, admitir que não sabemos as coisas é até libertador.
adorei teu comentário. grande abraço
Esse seu texto me fez pensar muito, Vanessa. Ao contrário de você, eu nunca sai da minha cidade, moro no mesmo bairro desde sempre, sou resistente ao movimento da vida, mas às vezes fico sufocada com essa única versão de mim. Ocupando esse meu espaço que me formou, mas no qual me prendi como prego enferrujado que não sai. Sou de Fortaleza-CE, sair daqui nunca foi um objetivo de vida ou profissional. Eu gosto muito do meu pedacinho do mundo, mas de vez em quando fico angustiada de "ser só aqui".
ser "só daqui" com certeza tem várias implicações e vivências que apenas quem é "só daqui" consegue sentir!
inclusive, arrisco dizer que é um ótimo tópico pra explorar na escrita :D
Também me sinto voltando a ser uma eu do passado quando volto às cidades em que morei. É como reinserir um personagem no cenário de uma época. Queremos repetir as mesmas falas. Quando visito minha mãe, automaticamente quero parar de cuidar da casa e apenas ser cuidada... Faço um esforço gigantesco pra não deixar a louça toda acumulada só pra ela lavar.
Mas o que mais me marcou do seu texto foi o trecho sobre bebês. Eu também não entendia o fascínio que bebês geravam nas pessoas. Esses pequenos seres que, sim, são fofos, mas não falam, não conversam, não escutam. Como interagir? São pessoas, não dá pra tratar como um brinquedo ou um boneco. Convivendo com alguns (ainda pouco) nos últimos anos, venho entendendo mais sobre essa coleção de potenciais que eles apresentam. Na esperança que se cria e no prazer de interagir com um pequeno ser sem preconceitos, mas já cheios de personalidade.
sim!! bebês <3
ótimas observações hehe
Bonito texto!
Que profundo esse relato! Gostei muito de saber o quanto a sua relação com a sua cidade natal passou por transformações. Eu tenho um ritual secreto de quando sinto que estou me distanciando da minha identidade, passo uma temporada na minha cidade no interior de Minas para resgatar a minha história. É libertador ;)
Ps - nunca vi pessoas tão solícitas e gentis no transporte público como vi em Porto Alegre. Lembro que isso me chamou muito a atenção nas primeiras vezes que visitei a cidade.
se eu conseguir me aposentar tranquila um dia, eu quero morar no interior de Minas hehe meu lugar favorito do mundo
Se uma pessoa não atravessa o mesmo rio duas vezes, como ir à mesma cidade? Que bom que você e Porto Alegre, duas lindas que adoro, fizeram as pazes 🥰
estamos muito amiguinhas agora
Gostei, Vanessa! Já estou assistindo uma palestra da Amanda Palmer e pensei num roteiro para uma história em que um jovem adulto vai percorrer, no Brasil, as interessantes viagens que sua tia fez pela Amazônia, ao descobrir os bilhetes que ela lhe destinou, mas não entregou... kkkk Enfim, nunca saberemos, completamente, o que o cada leitor nosso aproveita(rá) do que escrevemos.
Ah, gostei de saber que você está se reconciliando com "a sua adolescente" e a sua "POA de antigamente"!! :) Preciso fazer o mesmo com o meu estado natal, Paraná e duas de suas cidades Apucarana e Terra Roxa. Sou rondoniense por adoção!
essa palestra da Amanda é tudo!!!
tô bem feliz de saber que vc assistiu e ainda teve insights para uma história.
ganhei o dia!
Vanessa, interagir com meus amigos substackianos é sempre um alento. Parte do que escrevo é em resposta ao que leio.
Ah, a Amanda é figura rara e intensa. Além disso, soube, foi companheira do Neil Gaiman. Sabe-se lá como as estrelas se orbitam (ou não).
Um abraço, menina!
Me identifiquei muito 💜
Como bom pessimista que sou, insiro aqui minha memória discordante sobre as pessoas que se oferecem para carregar mochilas e bolsas nos ônibus. Na minha experiência de quase 10 anos em faculdades, isso ocorria somente em ônibus quase que exclusivamente de universitários, nos horários de ida e vinda da faculdade. No Campus-Ipiranga, e especialmente no Universitária D-43 isso era comum. Fora desse circuito, jamais testemunhei essa gentileza.
Não sei se esse hábito (praticamente uma cultura que passava para novos alunos) permanece, só sei que a prefeitura acabou com o saudoso D-43.
eu também usava o D43 para ir para UFRGS... não sabia que não tinha mais!
mas além dele, nas linhas que eu pegava com frequência ao longo da vida como Vila Nova, Restinga, Belém Velho, Otto Cavalhada, Ipê, Cefer etc o pessoal sempre foi de segurar as mochilas. por isso eu sempre achei que era algo normalizado na cidade toda :P
Fico surpreso. Para você ver que há diferentes cidades dentro de Poa.
a distância influencia completamente a maneira como enxergamos as coisas: perto demais, vemos os defeitos; longe demais, não vemos nada. difícil é achar a melhor distância.
Ótimo texto ...
Mas olha só, um texto seu falando de nossos diferentes eus, de filhos, e descobertas.
E agora que sou pai, morador de outra cidade longe de onde cresci, me identifiquei com vários temas no texto. Saudade!
vc é pai agora! meudeus, o tempo voa
parabéns, amigo!!
Obrigada pelo texto lindo. Apesar de nunca ter morado no exterior, me identifiquei bastante.
Que texto ótimo! Do ponto de vista de uma pessoa que está há alguns dias na cidade natal, andando pelas ruas secundárias para não encontrar nenhum conhecido, me identifiquei com essa reflexão sobre se ser aquela pessoa de antigamente, não quem sou hoje. Acho que, como você descobriu, é tudo uma questão do papel que se quer assumir. Gostei muito!