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Van, sinta meu abraço depois desse texto tão intenso e importante em cada uma das frases - minha preferida é sobre o entusiasmo ser algo insustentável.

Assim como trabalhar sempre no mais alto desempenho. Burnout é um assunto sobre o qual podemos falar sobre horas, infelizmente. E é fundamental que seja percebido como uma doença coletiva, sistêmica.

Adoraria tb ter respostas, perspectivas positivas e soluções sobre esse tema, acho que o primeiro passo é esse reconhecimento. Mas parece que ainda estamos tão distantes, quando olhamos para LinkedIns, coaches e toda a estrutura econômica que se move baseada em tanta angústia.

Fico também num eterno conflito interno de que preciso construir uma relação melhor com o trabalho, mas o trabalho tb precisa mudar pra se adequar ao que buscamos.

Adorei de verdade essa news e torço pra gente não passar mais por isso 🌻♥️

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Nossa, me identifico muito. Recentemente esbarrei com o termo "anti-work", caí numa thread do reddit (eu nem uso reddit, mas de alguma forma lá estava eu) e tem tanta discussão sobre o assunto! Um dos livros que quero ler é "Bullshit Jobs", do David Graeber. Mas tem muita coisa pra espremer desse assunto, muitas consequências patológicas dessa obsessão por trabalho que vivemos.

Penso muito em como o sistema conseguiu, de forma sutil, transferir a chibata para as mãos da classe trabalhadora. Eles não precisam mais ser carrascos, nós cumprimos esse papel e nos rotulamos, felizes, de workaholics. "O trabalho liberta." 🤮

Texto foda! 👏

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Nunca tive vontade de ler sociedade do cansaço até chegar no seu texto. Te juro. Acho que chegou o momento.

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Jan 14, 2023Liked by Vanessa Guedes

Estou me recuperando(ou tentando) de um burnout faz 5 meses. Eu tentei não decepcionar ninguém e segurei um rojão por quase um ano no projeto que era responsável pois eu achei que se eu decidisse jogar a toalha, muita gente ficaria na mão. Eu sempre pensava em sair depois de terminar pra sair "por cima", mas depois de inúmeros adiamentos por conta de fatores que não tinham nada a ver comigo e com a minha equipe, tudo foi ficando mais desesperador e era impossível enxergar o fim. Por muitas vezes, como você citou, eu olhei pros garis limpando a minha rua e pensava que o que eu queria era só varrer o chão e mais nada.

Enquanto isso, na empresa onde trabalhei por 8 anos e dediquei boa parte da carreira que sigo hoje, tinha palestras mensais sobre saúde no trabalho, todo mundo com discurso de que era necessário descanso, cuidar da cabeça, não trabalhar além do horário... mas ao mesmo tempo boa parte do núcleo de gestores/diretores da empresa mandavam aquele email as 11 da noite perguntando "e aí pessoal, como estão as coisas?", causando aquela escadinha da hierarquia gritar mais alto e fazer com que todos perdessem qualquer minuto de paz além do horário proposto.

Quando eu falei sobre meus problemas, me deram aquele apoio, fique bem, vai melhorar... mas ao mesmo tempo que me desejavam melhoras de manhã, descanse a cabeça, na tarde mandavam email "sem querer atrapalhar mas como anda isso aqui?"

É triste ver que aqui no Brasil existe essa "cultura" das grandes empresas em ter um setor focado nesse tipo de bem estar do trabalhador mas na prática, quando tem que fazer algo, foda-se tudo. E quando eu realmente decidi sair, não me desejaram melhoras ou me ofereceram qualquer tipo de apoio, só pediram "faça toda a documentação para o repasse em 15 dias" .

Fico feliz de saber que aí exista de fato uma preocupação e uma ação por parte das empresas para atuar nesses problemas. Recentemente um parceiro de trabalho que se mudou pra Portugal me relatou também que ele mandou email 15 minutos após o expediente(acostumando a trabalhar até altas horas no Brasil), o RH já chamou ele pra conversar pra ver se ele não estava sob muita pressão.

Hoje fazendo tratamento eu sei que esse cuidado não vai necessariamente evitar o burnout, mas só de saber que não tem uma arma apontada pra tua cara o tempo todo pela empresa já da um alívio enorme.

Infelizmente por conta desse lance do trabalho, me isolei, dos meus amigos, da minha familia, não consigo nem frequentar a psicóloga e o psiquiatra presencialmente, somente online... desenvolvi uma ansiedade social absurda. Foi duro dizer pros meus pais que certas coisas eu NEM LIGO, pra coisas que eu sei que eles ligam tanto. Perdi muitos momentos do que ainda está sendo primeiro ano da minha afilhada, primeira neta dos meus pais, por conta dessa bagunça toda.

E como tu disse, esse excesso de positividade nas redes, todo mundo mandando aquele "relaxa, não liga" e todo mundo tentando romantizar o trabalho "enquanto eles dormem" foi me deixando cada vez mais puto.

Aos poucos estou tentando me recuperar, tentando achar a saída por onde eu me sinta mais confortável e não é fácil, mas parece que vai rolar. Inclusive estou tentando voltar pro mercado de trabalho, pq enfim, boletos vem e continuarão vindo... e os posts do LinkedIn são o puro câncer em relação a isso tudo.

É uma luta e eu tive medo ou vergonha por muito tempo de assumir que isso é algo que te consome, quem nunca sentiu ou se vai sentir um dia e não está perto de chegar nesse ponto, jamais vai entender. Só tive amparo nas palavras daqueles que já passaram por isso ou por coincidência estavam passando pelo mesmo, no mesmo momento... alguns até se sentiram melhores em poder externar essa condição e por conta disso também procurar ajuda.

Os melhores momentos de conversa nesse meio tempo foram aqueles em que as pessoas aceitavam o fato de que não, não está tudo bem. A positividade tóxica elimina todo e qualquer sentimento válido a cerca de burnout, depressão e derivados.

Obrigado por compartilhar esse relato, e bom saber que um dia vou sofrer de novo... já vou me preparando(se possível).

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Eu nunca canso de me impressionar com a sua genialidade na escrita. Assistindo de camarote sua ascensão 😍 E me senti muito contemplada e abraçada por esse texto

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