Vanessa, eu adorei o "No enxame". Achei muito pertinente as conexões que ele faz. Tentar permanecer o máximo possível fora das telas é um carinho e um remédio para nossa cabeça já tão cheia de informações, estímulos e neuroses. Cara, eu uso até um aplicativo para ficar fora da tela kkkkkkkk o Forest. Fico plantando árvores, numa maneira de não encostar a mão no celular.
Não me surpreenda que daqui algum tempo surja os "smartphones anônimos" para tratarmos os vícios e os prejuízos desse uso descontrolado de tela.
Eu voltei pro Instagram faz pouco tempo pra divulgar o lançamento de um conto novo e tô sentindo como meu tempo tá sendo roubado, como estou irritada e com aquele pensamento "só mais um". Tento me enganar que estou vendo conteúdo de gente que gosto, mas no final isso não importa, né? Achei seu texto cirúrgico! Material importantíssimo. Inclusive, vou passar pros meus alunos
me conta como foi a recepção, caso vc mostre pros seus alunos?
eu tenho contato com o pessoal na casa dos 22-25 anos, meus colegas na faculdade que são mais novos que eu, mas queria muito saber como esse assunto bate em gente mais jovem.
A discussão foi muito interessante e senti que essa geração (dou aula pro ensino médio) sabe muito sobre esse assunto a um nível racional: sabem os argumentos, os problemas, propostas de intervenção. É tudo quase uma redação do Enem. Mas na hora de falar dos efeitos a nível pessoal, emocional, eles não têm muito vocabulário para discutir. Pelo contrário, eles travam. E ainda tem muita dificuldade de imaginar como seria um mundo em que essa mega exposição informacional não existe.
a melhor decisão que eu tomei recentemente foi me retirar das redes sociais. sentia que perdia muito tempo rolando a tela para ver conteúdos que não me interessavam e ficava saturado com tanta informação irrelevante. não me arrependo, mas sei que não estar nas redes sociais - para quem produz conteúdo e está em busca de divulgação - é considerado quase um pecado.
Você conhece o Bruno Torturra, Vanessa? Ele fala sobre a migração do cidadão para o perfil e conversa bastante com este seu texto, maravilhoso, como de costume! Hehe
Vício na tela se retroalimenta demais quando a gente não tá bem, e pilha ainda mais o nosso mal estar e ansiedade. Gosto muito das análises do byung, mas recomendo uma do jonathan crary chamada Terra Arrasa - Alem da era digital, rumo a um mundo pós capitalista - me fez ficar muito reflexiva sobre a indissociabilidade do nosso status de consumidor e a velocidade do capital com a Internet. Ótimo texto, Vanessa!
Acho que para quem escreve e precisa divulgar seu trabalho as redes sociais são quase inescapáveis, né? Mas, mesmo devendo estar nelas, faz mais de ano que meu perfil está abandonado, justamente por eu achar tão cansativo esse excesso de estímulos (ainda mais sendo autista e me sobrecarregando muito facilmente com qualquer estímulo que seja). Até gosto de produzir conteúdo e fazer designs no Canva, mas ficar interagindo nas redes e rolando o feed? Era a parte que eu menos gostava (afora o tempo gasto com produção de conteúdo sem ter retorno na maior parte das vezes).
gostei de saber da tua experiência, faz todo o sentido. quando eu me vi meio sem saída com a carreira de escritora e o drama de precisar usar as redes pra buscar novos leitores, eu acabei usando esse tempo q seria de "criar conteúdo no instagram" pra começar a newsletter aqui. acho que foi uma boa estratégia, me sinto mais tranquila aqui no textão :)
me senti exatamente assim com a tragédia no rs e percebi que isso sempre acontece com toda tragédia noticiada, é bizarro o quanto escala a necessidade de saber
Fantástico. Me identifiquei bastante com esse texto, mas da maneira negativa. Acho que esse assunto é tão vasto, dava umas dez newsletters haha tenho me visto cada vez mais online, mais disponível e menos offline; concordo com você em número e grau: uma síndrome de super narcisismo coletivo. Me sinto assim. E pior: tenho visto muitos escritores com milhares de seguidores dizendo o tempo inteiro como eu tenho que encontrar uma persona, um arquétipo, postar nesse arquétipo, como se eu fosse um personagem mesmo, postar sempre, estar toda a hora estimulando a atenção da minha audiência para que eu consiga, por exemplo, ter chances de um dia publicar um livro (chamar atenção de uma editora, que não vai se importar se eu for um ninguém) ou conseguir vender bem, algum dia. É aquele negócio: a arte virou o criar conteúdo, e tenho visto um ciclo sem fim nesse sentido — e, pior, muitas vezes, eu reproduzo esse comportamento, me incluindo nesse narcisismo coletivo. E o que era para ser um sonho (publicar, por exemplo), vira um trabalho sem fim de redes sociais, em que eu tenho que fazer tudo para chamar atenção. E sobra tempo para escrever?
muito importante esse ponto do trabalho sem fim - dá pra puxar um ensaio inteiro fazendo um paralelo entre isso e o scroll infinito, pq é uma via de mão dupla mesmo. te entendo completamente nesse drama.
Pior que é uma sensação tão boa. Aumenta a dopamina de um jeito maravilhoso. Assim como as drogas mais pesadas. Eu já estive nesse lugar, ainda bem que consegui sair, eu acho...
uma reflexão profunda sem respostas fáceis. acho que você abriu várias frentes importantes. penso que a perda da sensibilidade é um efeito extremamente cruel e pouco refletido. não temos a menor dimensão sobre o impacto de tudo isso a longo prazo.
To lendo "A crise da narração" do Byung-Chul. Ele ta praticamente fazendo uma releitura do Narrador do Walter Benjamim pro contexto atual, evocando muita coisa desse pensador. As provocações propostas pelo Byung-Chul tão me fazendo refletir bastante sobre a narração meio ao tsunami de informações que somos expostos constantemente.
mulher! eu ouvi esse episódio sexta limpando o escritório aqui, cheguei até a lamentar ter ouvido depois de escrever o texto, mas ele deu insights para novos ensaios sobre o tema.
Vanessa, eu adorei o "No enxame". Achei muito pertinente as conexões que ele faz. Tentar permanecer o máximo possível fora das telas é um carinho e um remédio para nossa cabeça já tão cheia de informações, estímulos e neuroses. Cara, eu uso até um aplicativo para ficar fora da tela kkkkkkkk o Forest. Fico plantando árvores, numa maneira de não encostar a mão no celular.
Não me surpreenda que daqui algum tempo surja os "smartphones anônimos" para tratarmos os vícios e os prejuízos desse uso descontrolado de tela.
Um beijo
lendo teu comentário, lembrei de um texto da news da Carol Bensimon que começa mais ou menos assim: a tecnologia vai nos salvar da tecnologia.
rs
(rindo pra não chorar)
Eu voltei pro Instagram faz pouco tempo pra divulgar o lançamento de um conto novo e tô sentindo como meu tempo tá sendo roubado, como estou irritada e com aquele pensamento "só mais um". Tento me enganar que estou vendo conteúdo de gente que gosto, mas no final isso não importa, né? Achei seu texto cirúrgico! Material importantíssimo. Inclusive, vou passar pros meus alunos
me conta como foi a recepção, caso vc mostre pros seus alunos?
eu tenho contato com o pessoal na casa dos 22-25 anos, meus colegas na faculdade que são mais novos que eu, mas queria muito saber como esse assunto bate em gente mais jovem.
bjs
A discussão foi muito interessante e senti que essa geração (dou aula pro ensino médio) sabe muito sobre esse assunto a um nível racional: sabem os argumentos, os problemas, propostas de intervenção. É tudo quase uma redação do Enem. Mas na hora de falar dos efeitos a nível pessoal, emocional, eles não têm muito vocabulário para discutir. Pelo contrário, eles travam. E ainda tem muita dificuldade de imaginar como seria um mundo em que essa mega exposição informacional não existe.
a melhor decisão que eu tomei recentemente foi me retirar das redes sociais. sentia que perdia muito tempo rolando a tela para ver conteúdos que não me interessavam e ficava saturado com tanta informação irrelevante. não me arrependo, mas sei que não estar nas redes sociais - para quem produz conteúdo e está em busca de divulgação - é considerado quase um pecado.
verdade. eu também me sinto um pouco refém, mas não deixo de continuar refletindo e buscando outros caminhos em coletivo - é uma crise, né?
uma crise eterna...
É aquela lenda, o povo no vale do Silício não dá celular para as próprias crias. Não o li ainda, deveria. Obrigada pela edição!
eu vi uma moça americana comentando isso no youtube esses dias, eu não fazia ideia. mas não estou surpresa
Vanessa, amei teu texto. Sendo gaúcha me sinto comovida com sua abordagem. Você é uma pessoa sensível e muito perceptiva. Grande bjo
Você conhece o Bruno Torturra, Vanessa? Ele fala sobre a migração do cidadão para o perfil e conversa bastante com este seu texto, maravilhoso, como de costume! Hehe
vou atrás. o nome não me é estranho, vou ver. obrigada!
Vício na tela se retroalimenta demais quando a gente não tá bem, e pilha ainda mais o nosso mal estar e ansiedade. Gosto muito das análises do byung, mas recomendo uma do jonathan crary chamada Terra Arrasa - Alem da era digital, rumo a um mundo pós capitalista - me fez ficar muito reflexiva sobre a indissociabilidade do nosso status de consumidor e a velocidade do capital com a Internet. Ótimo texto, Vanessa!
obrigada pela indicação. vou atrás do Terra Aarrasada sim, to lendo a sinopse e é bem da linha das minhas leituras. valeu!!!
Acho que para quem escreve e precisa divulgar seu trabalho as redes sociais são quase inescapáveis, né? Mas, mesmo devendo estar nelas, faz mais de ano que meu perfil está abandonado, justamente por eu achar tão cansativo esse excesso de estímulos (ainda mais sendo autista e me sobrecarregando muito facilmente com qualquer estímulo que seja). Até gosto de produzir conteúdo e fazer designs no Canva, mas ficar interagindo nas redes e rolando o feed? Era a parte que eu menos gostava (afora o tempo gasto com produção de conteúdo sem ter retorno na maior parte das vezes).
Adorei seu texto!
Abraços.
gostei de saber da tua experiência, faz todo o sentido. quando eu me vi meio sem saída com a carreira de escritora e o drama de precisar usar as redes pra buscar novos leitores, eu acabei usando esse tempo q seria de "criar conteúdo no instagram" pra começar a newsletter aqui. acho que foi uma boa estratégia, me sinto mais tranquila aqui no textão :)
me senti exatamente assim com a tragédia no rs e percebi que isso sempre acontece com toda tragédia noticiada, é bizarro o quanto escala a necessidade de saber
Fantástico. Me identifiquei bastante com esse texto, mas da maneira negativa. Acho que esse assunto é tão vasto, dava umas dez newsletters haha tenho me visto cada vez mais online, mais disponível e menos offline; concordo com você em número e grau: uma síndrome de super narcisismo coletivo. Me sinto assim. E pior: tenho visto muitos escritores com milhares de seguidores dizendo o tempo inteiro como eu tenho que encontrar uma persona, um arquétipo, postar nesse arquétipo, como se eu fosse um personagem mesmo, postar sempre, estar toda a hora estimulando a atenção da minha audiência para que eu consiga, por exemplo, ter chances de um dia publicar um livro (chamar atenção de uma editora, que não vai se importar se eu for um ninguém) ou conseguir vender bem, algum dia. É aquele negócio: a arte virou o criar conteúdo, e tenho visto um ciclo sem fim nesse sentido — e, pior, muitas vezes, eu reproduzo esse comportamento, me incluindo nesse narcisismo coletivo. E o que era para ser um sonho (publicar, por exemplo), vira um trabalho sem fim de redes sociais, em que eu tenho que fazer tudo para chamar atenção. E sobra tempo para escrever?
muito importante esse ponto do trabalho sem fim - dá pra puxar um ensaio inteiro fazendo um paralelo entre isso e o scroll infinito, pq é uma via de mão dupla mesmo. te entendo completamente nesse drama.
Um dos melhores textos que li nas últimas semanas. E - assim espero - vai me deixar pensando por semanas.
não satisfeita em ter caraminholas na cabeça, eu boto elas na cabeça dos outros rs perdão
Hahahaha que isso, as caraminholas são bem-vindas!
Pior que é uma sensação tão boa. Aumenta a dopamina de um jeito maravilhoso. Assim como as drogas mais pesadas. Eu já estive nesse lugar, ainda bem que consegui sair, eu acho...
Que vc descanse em breve, van. <3
uma reflexão profunda sem respostas fáceis. acho que você abriu várias frentes importantes. penso que a perda da sensibilidade é um efeito extremamente cruel e pouco refletido. não temos a menor dimensão sobre o impacto de tudo isso a longo prazo.
To lendo "A crise da narração" do Byung-Chul. Ele ta praticamente fazendo uma releitura do Narrador do Walter Benjamim pro contexto atual, evocando muita coisa desse pensador. As provocações propostas pelo Byung-Chul tão me fazendo refletir bastante sobre a narração meio ao tsunami de informações que somos expostos constantemente.
eu tô lendo o narrador do benjamin para uma artigo da faculdade, vou pegar o livro do byung-chul também então. valeu por mencionar! <3
Vanessa, acho que vc vai gostar desse episódio da Radio Escafandro
https://open.spotify.com/episode/3tS3Q7uXXPtVEDQi7C9xJZ?si=qz20PDc6RDq0y-HDCENQEw
a abordagem é outra, mas venho pensado muito sobre permanência nas redes e vcs dois trouxeram questões muito legais!
mulher! eu ouvi esse episódio sexta limpando o escritório aqui, cheguei até a lamentar ter ouvido depois de escrever o texto, mas ele deu insights para novos ensaios sobre o tema.
obrigada por jogar o link aí! :)
andiosa pro que vem por ai!