"quanto eu me divirto com todo o meu processo criativo e do quanto eu me empolgo ao ver um texto tomando forma. Eu realmente gosto de escrever" - acho que o grande ponto é que o que realmente gostamos de fazer, ou seja, aquilo que fazemos e nem vemos e tempo passar tamanha integração entre sujeito e atividade, pode ou não pode ter valor econômico. E esse valor econômico, caso a resposta seja positiva para o primeiro ponto, pode ou não pode emergir com certa facilidade (essa reflexão entra em foco para todos aqueles que precisam de dinheiro a partir do próprio trabalho).
Se o sujeito adora escutar o outro, suas vicissitudes e amparar, parabéns, louco não falta, há boas chances da atividade e da remuneração caminharam bem.
Já se o sujeito faz algo que do aplauso coletivo depende sua remuneração, nossa, aí entra o imponderável, concessões, mesmo uma persistência imune a críticas só resiste quando emergir um quantitativo mínimo de aplauso porque alimentação, teto... são da ordem do inexorável.
Tenho um amigo músico que, ainda na adolescência, deliberou que seria músico o pai interviu reconhecendo o amor do filho sobre aquilo e colocando um princípio da realidade (ele é psicanalista) em casa: pois tenha um plano B que pague as contas de imediato até que essa atividade artística, de resultado incerto, possa assumir um lugar enquanto A profissão. Depois de quase duas décadas como professor de inglês, só hoje a música é o tema a partir do qual a vida laboral desse meu amigo gravita quase que exclusivamente. E ele é grato ao pai por ter fincado os pés dele no chão.
Como todo mundo que faz arte num mundo de influencers, comparação com os números é inevitável mas que a gente possa continuar encontrando nossa verdade e nosso prazer no nosso fazer. Grande abraço!
"Percebo que, no fim, não é a possibilidade de uma carreira que me faz passar por isso. Não é o mercado quem me faz produzir. E, felizmente, vejo que isso nunca foi sobre uma vida de celebridade ou qualquer coisa do tipo.
Isso sempre foi sobre pessoas."
Que texto! Fiquei tocada, inspirada e me senti mais forte! Obrigada por isso!
É osso como o neoliberalismo vai se entranhando até nos interstícios mais preciosos da nossa subjetividade. Nós viramos números, livros viram quantidades de estrelas, sucesso vira planilha de excel, escrita boa é aquela acompanhada de rostinho bonito na televi... no tik tok. Quanto mais fake, mais real. Mas ó, se de ler essa sua newsletter já tive ideias para a próxima edição da minha. E talvez quando lerem a minha, alguém também agite o campo das ideias, e fazer parte dessa cadeia criativa, desse elo de resistência do absurdo contra o hiper-realismo, já é belo por si só. Como diria a Elvira Vigna: é o afeto que importa, o resto é só o resto. <3
Me identifiquei por também ser jornalista tentando, após muito tempo, me encontrar na escrita que não é jornalística. Depois que você aprende a escrever de uma forma mais técnica, é muito difícil quebrar o molde. Mas no fim, só o que podemos fazer é seguir tentando, porque a outra opção seria deixar de escrever - e quem tem essa formiguinha nos dedos jamais deixará isso acontecer. Enquanto fizer sentido pra nós e para quem nos lê, tá valendo!
Virgínia, um abraço em você. E que a pulsão pela escrita seja sempre maior que todo esse auê capitalista por personas efusivas.
"quanto eu me divirto com todo o meu processo criativo e do quanto eu me empolgo ao ver um texto tomando forma. Eu realmente gosto de escrever" - acho que o grande ponto é que o que realmente gostamos de fazer, ou seja, aquilo que fazemos e nem vemos e tempo passar tamanha integração entre sujeito e atividade, pode ou não pode ter valor econômico. E esse valor econômico, caso a resposta seja positiva para o primeiro ponto, pode ou não pode emergir com certa facilidade (essa reflexão entra em foco para todos aqueles que precisam de dinheiro a partir do próprio trabalho).
Se o sujeito adora escutar o outro, suas vicissitudes e amparar, parabéns, louco não falta, há boas chances da atividade e da remuneração caminharam bem.
Já se o sujeito faz algo que do aplauso coletivo depende sua remuneração, nossa, aí entra o imponderável, concessões, mesmo uma persistência imune a críticas só resiste quando emergir um quantitativo mínimo de aplauso porque alimentação, teto... são da ordem do inexorável.
Tenho um amigo músico que, ainda na adolescência, deliberou que seria músico o pai interviu reconhecendo o amor do filho sobre aquilo e colocando um princípio da realidade (ele é psicanalista) em casa: pois tenha um plano B que pague as contas de imediato até que essa atividade artística, de resultado incerto, possa assumir um lugar enquanto A profissão. Depois de quase duas décadas como professor de inglês, só hoje a música é o tema a partir do qual a vida laboral desse meu amigo gravita quase que exclusivamente. E ele é grato ao pai por ter fincado os pés dele no chão.
Que texto sensível e bonito, Virgínia!
Como todo mundo que faz arte num mundo de influencers, comparação com os números é inevitável mas que a gente possa continuar encontrando nossa verdade e nosso prazer no nosso fazer. Grande abraço!
"Percebo que, no fim, não é a possibilidade de uma carreira que me faz passar por isso. Não é o mercado quem me faz produzir. E, felizmente, vejo que isso nunca foi sobre uma vida de celebridade ou qualquer coisa do tipo.
Isso sempre foi sobre pessoas."
Que texto! Fiquei tocada, inspirada e me senti mais forte! Obrigada por isso!
É osso como o neoliberalismo vai se entranhando até nos interstícios mais preciosos da nossa subjetividade. Nós viramos números, livros viram quantidades de estrelas, sucesso vira planilha de excel, escrita boa é aquela acompanhada de rostinho bonito na televi... no tik tok. Quanto mais fake, mais real. Mas ó, se de ler essa sua newsletter já tive ideias para a próxima edição da minha. E talvez quando lerem a minha, alguém também agite o campo das ideias, e fazer parte dessa cadeia criativa, desse elo de resistência do absurdo contra o hiper-realismo, já é belo por si só. Como diria a Elvira Vigna: é o afeto que importa, o resto é só o resto. <3
Virginia acompanho desde o Medium e que bom que ela está aqui nesse espaço :)
minha meta de vida é conseguir me tornar apoiadora da tua news. 2024, bring it on!
Me identifiquei por também ser jornalista tentando, após muito tempo, me encontrar na escrita que não é jornalística. Depois que você aprende a escrever de uma forma mais técnica, é muito difícil quebrar o molde. Mas no fim, só o que podemos fazer é seguir tentando, porque a outra opção seria deixar de escrever - e quem tem essa formiguinha nos dedos jamais deixará isso acontecer. Enquanto fizer sentido pra nós e para quem nos lê, tá valendo!